Discurso do Presidente da CEP, na abertura dos trabalhos da 153ª Assembleia Plenária
3. Não posso deixar de referir um episódio triste a que assistimos nos últimos dias: dois canais de televisão que deram relevo, no âmbito dos seus noticiários, ao facto de um certo senhor, que se auto-intitula Arcebispo Metropolita de uma igreja ortodoxa portuguesa, ter aceite “abençoar” a união de dois homossexuais. O facto de aparecerem vestidos com o traje eclesiástico, como qualquer de nós, e a ambiguidade dos títulos que usam, geraram confusão e indignação em muitos fiéis.
Quero por isso declarar claramente, aos fiéis católicos e aos portugueses em geral, que essa auto-proclamada igreja ortodoxa de Portugal, não é reconhecida por nenhum dos Patriarcados Ortodoxos com quem estamos em diálogo ecuménico. Lamentamos a ambiguidade com que se apresentam, procurando propositadamente gerar a confusão. Não têm nada a ver, nem com a Igreja Católica, nem com as Igrejas Ortodoxas com quem estamos em diálogo e cuja dignidade, confirmada por uma longa tradição, é também ofendida. A nossa indiscutível abertura ao diálogo ecuménico não passa por aí.
Estamos, em Portugal, em ambiente democrático de liberdade religiosa, confirmada e regulada por Lei. Mas realidades como estas levantam-nos o problema da inevitável relação, na aplicação da Lei, entre liberdade religiosa e qualidade religiosa.
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca
Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Fátima, 5 de Maio de 2003