Alexis II, nascido em Tartu, na Estónia, a 23 de Fevereiro de 1929, patriarca da Igreja Ortodoxa russa há 18 anos. Descendia de uma antiga família de nobres da zona báltica que abraçou a ortodoxia por volta do século XVIII. Eleito em 1990 para o cargo, pediu desde o início ao Governo que reintroduzisse o ensino da religião nas escolas. Durante o golpe de estado contra o último Presidente soviético, Mikhail Gorbatchov, colocou-se do lado do homem da “perestroika” e contra os golpistas, pedindo ao Exército para manter a calma, de modo a evitar um banho de sangue.
No campo da ortodoxia, Alexis disputou ao patriarca de Constantinopla (actual Istambul), a primazia de honra. A Igreja Ortodoxa não tem um líder semelhante ao Papa (em rigor, deve falar-se de diferentes Igrejas Ortodoxas, consoante o país), mas o patriarca de Constantinopla sempre foi visto como um primus inter pares, por ter sido em Constantinopla que se deu a ruptura, em 1054, entre cristãos do Ocidente e do Oriente. Depois da queda do comunismo, em 1989, o patriarcado russo – que lidera a maior Igreja Ortodoxa, em número de fiéis – apareceu sempre a querer afirmar-se como o mais importante dentro da ortodoxia.
Alexis II foi acusado várias vezes de ter sido informador dos antigos serviços secretos russos, o KGB, acusação que o patriarcado de Moscovo negou sempre. O religioso reconheceu, porém, que as autoridades religiosas chegaram a alguns acordos com o governo soviético e pediu perdão e compreensão a todos aqueles a quem a cumplicidade da Igreja pudesse ter causado danos, durante uma entrevista dada em 1991.
O patriarca manifestou-se publicamente, em diversas ocasiões, contra a homossexualidade e chamou de "sacrilégio" as marchas de orgulho "gay".
in "publico"António Marujo.