Acompanhamento espiritual nos Hospitais à procura do pleno reconhecimento
Conferência da Rede Europeia de Capelanias Hospitalares
. O papel do acompanhamento espiritual e religioso na prestação dos cuidados de saúde está em destaque na Conferência da Rede Europeia de Capelanias Hospitalares (ENHCC) que decorre, até amanhã, em Lisboa.A IX Conferência da Rede é dedicada ao tema “Fazer pontes. crescer na esperança”, reunindo perto de sessenta representantes de organizações nacionais de Capelães Hospitalares de todas as Igrejas Cristãs e outras Religiões, como o Islão, provenientes de cerca de trinta países europeus. O padre ortodoxo Stavros Kofinas, coordenador da ENHCC, explicou ao programa ECCLESIA que “a Religião é um elemento básico muito importante na vida de muitas pessoas” que são tratadas nos Hospitais.As capelanias garantem serviços pastorais numa grande variedade de instituições de cuidados de saúde, indo ao encontro das necessidades existenciais, espirituais e religiosas daqueles que sofrem e dos que cuidam deles, considerando os seus recursos pessoais, religiosos, culturais e comunitários.Estes espaços podem ser, segundo o padre Kofinas, uma oportunidade para o diálogo entre crentes de várias religiões, “mostrando amor e compaixão pelos que estão em sofrimento”.Ver trabalhar, no mesmo hospital, capelães cristãos e muçulmanos, por exemplo, “é possível se nos respeitarmos uns aos outros, procurando compreender-nos”.A legislação dos vários países europeus, a respeito do acompanhamento espiritual nos Hospitais, é considerada pelo coordenador da ENHCC como “satisfatória” na maioria dos casos, com respeito pela “necessidade de cuidado espiritual”.O diálogo entre o pessoal médico e as capelanias têm-se tornado, segundo este responsável, cada vez “menos difícil”, com uma progressiva valorização da espiritualidade. “As coisas estão a mudar”, assegura.Sobre o encontro de Lisboa, Stavros Kofinas espera que seja possível encontrar “formas concretas de unir as capelanias”.PortugalA Conferência de Lisboa da ENHCC é organizada pela Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares e pela Comissão Nacional da Pastoral da Saúde (CNPS). Esta iniciativa acontece em Portugal no momento em que se estuda a revisão da lei que regula a existência dos Serviços Religiosos Hospitalares. Por outro lado, continua por regulamentar a Lei da Liberdade Religiosa no que respeita à assistência religiosa aos doentes internados, o que afecta, às vezes com gravidade, o seu direito a serem assistidos religiosamente. O Pe. José Nuno, Coordenador Nacional das Capelanias Hospitalares, mostra-se confiante e lembra que “as capelanias estão regulamentadas”.“O que está em causa são algumas correcções à regulamentação. Outras alterações terão de ser feitas no quadro da regulamentação da Lei da Liberdade Religiosa e não alterando o que já existe relativamente às capelanias hospitalares católicas”, explica.Do encontro europeu, este responsável destaca uma “grande convergência”, dado o momento cultural que se vive no Velho Continente. Os grades desafios, são, nesse contexto, a espiritualidade, o diálogo inter-religioso e entre culturas, para fazer face “a uma crise de sentido” que se torna mais premente em alturas de doença.Os desafios colocados pelos avanços das biotecnologias também estão a ser discutidos, em Lisboa.Para o Pe. Feytor Pinto, Coordenador Nacional da CNPS, é indiscutível que “a espiritualidade faz parte do processo terapêutico”, numa dimensão global dos cuidados.“Esta convicção não é exclusiva da Igreja Católica, são praticamente todas as religiões”, explica.Este responsável destaca a dimensão dos cuidados paliativos para mostrar a importância da presença de “uma relação espiritual e uma relação de proximidade com a pessoa”.“Aqui a religião tem, então, uma importância enorme e não podemos prescindir deste facto, no respeito profundo pela opção de cada um”, conclui..
Ecclesia -Nacional Octávio Carmo